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PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú

Lockdown!
Neila Baldi 
Professora universitária

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Há um ano, nos solidarizamos com a crise sanitária da Lombardia, na Itália. No início deste ano, vimos pessoas morrerem por falta de hospitais, oxigênio e medicação em Manaus. Agora parte do país está colapsando e a vida segue. O Brasil passou mais de 45 dias, em 2021, com média de mortes acima de 1 mil. Chegamos à média de 2 mil. Quantos(as) mais vão ter que morrer? Ou a pergunta é: QUEM vai ter que morrer para que medidas efetivas sejam tomadas?

Desde o final de janeiro os números de casos de Covid-19 crescem mas, para não prejudicar a economia, seguimos em bandeira vermelha que era flexibilizada para laranja pela cogestão. Até que faltou UTI e entramos na bandeira preta. Chegamos a um índice de transmissão de 2,35! Estamos em 1,41. Índices acima de 1 significam contágio em alta. E o governador quer reabrir a economia?

VACINAÇÃO

Os empresários e empresárias que pedem reabertura deviam fazer carreatas pela vacinação. Deviam pressionar suas federações para que gestionem apoio financeiro. Todos e todas deviam lutar por um lockdown para que o índice de transmissão caia. Se suas empresas não aguentam já pararam para pensar: Quanto tempo os hospitais vão suportar trabalhar no limite? Hospitais lotados e equipes esgotadas aumentam a mortalidade. E as pesquisas indicam que um lockdown é menos danoso à economia que o abre e fecha numa pandemia descontrolada. Ou os empresários(as) acham que, diante do caos sanitário, com falta de leitos privados e públicos, alguém vai sair às compras?

ESSENCIAL

Enquanto isso, deputados(as) e vereadores(as) decidem pela educação como atividade essencial... A ideia, de quem fez a proposta na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Vereadores, é que a educação presencial não pare, mesmo com caos sanitário. Ah, mas vem com o engodo de vacinação. Sinto informar, é falácia igual à votação da PEC Emergencial: que o auxílio emergencial dependia dela. O Plano Nacional de Imunização está pronto e não pode ser quebrado: os professores e professoras são o grupo 19. Mas na essencialidade da atividade vem um jabuti: o direito à greve. Vota a favor quem quer, mas não me diga que foi enganado. A propósito: as propostas em questão são inconstitucionais.

Pessoas morrendo por falta de leitos e o Parlamento atacando a Educação sob a alegação que a está defendendo. Empresas e pessoas precisam de auxílio. O RS precisa de lockdown. Quem sabe vocês se mexem para o que é urgente? Lockdown, auxílio governamental - a Bahia e o Piauí fizeram - vacinação em massa e distribuição de máscaras profissionais à população. Assim a gente barra o vírus.

Economia X Saúde X Política

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

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O ser humano tem uma tendência a criar dualidades e entre estas animosidades, muitas vezes tácitas, porém, não raro, quando se manifesta vem de uma forma violenta e abrupta. Nos primeiros anos de vida os pais começam a incutir na criança o time da família, muitas vezes brincam dizendo: "aqui em casa só entra gremista ou colorado". Esta criança acaba não gostando do coleguinha que é do time oposto, gerando as primeiras animosidades. Esta disputa acabamos levando para a vida ao enfrentar, por exemplo, o vestibular, um concurso. Porém, é esquecido que não se trata de inimizades, mas de disputa de vagas, e mais, se eu não alcancei a vaga é porque não estudei o suficiente para estar naquele grupo de aprovados. Já dizia meu pai que não interessa o número de vagas, pois o aluno aprovado ocupa apenas uma delas. 

Hodiernamente, as animosidades estão mais incisivas, os temas economia, saúde e política passaram a ser assunto de "domínio" de todas as pessoas, gerando animosidade, como se as pessoas não pudessem conviver de modo pacífico a defesa igualitária desses temas. 

FALTA

Todos estamos lutando pela economia, pela saúde, independentemente da nossa ideologia política. Mas o que vemos na imprensa, na rua e nas redes sociais é uma animosidade manifesta de forma violenta, onde as palavras respeito e tolerância parecem ter sido banidas. Se não sou favorável ao lockdow, ofendo aqueles que defendem o fechamento do comércio, e sou definido como alguém que não está preocupado com a saúde, recebendo o rótulo de bolsonarista. 

O que devemos entender é que não precisamos defender a economia em detrimento da saúde, pelo contrário, elas andam juntas, pois a economia forte permite empregos, circulação de dinheiro, com isso pessoas com recursos para comprar álcool gel, máscaras, vitaminas, pois o sistema público de saúde não tem condições de fornecer remédios e recursos para deter a covid à toda população. 

Então, o que devemos fazer é assumir a culpa do homem na proliferação do vírus. Não podemos evitar diretamente a dengue, pois o mosquito pode nos morder enquanto dormimos, mas a Covid podemos evitar usando álcool gel e máscara, e cuidando a mão quando a levamos aos olhos, o que foi matéria da Revista Exame dia 22/02 do corrente ano. 

O mundo atual, apesar da animosidade por questões políticas, nunca esteve tão igualitário, pois o plano de saúde mais caro não garante um leito de UTI, e a inexistência de plano de saúde não impede ninguém de ter acesso ao hospital. Mas ainda há pessoas que não entenderam o que estamos vivendo. Está na hora de mudarmos de posição. Somos todos iguais, não há inimigo humano, mas inimigo vírus, e sem união não conseguiremos derrotá-lo.

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